Improvisos na Fazenda: Meio de Fortuna ou Gambiarra? Entenda a Diferença e a Melhor Técnica de Segurança no Agronegócio
- Gilmo França
- 8 de jul.
- 3 min de leitura
No agronegócio, a capacidade de improvisar é uma habilidade prática essencial. Frequentemente, funcionários do campo precisam resolver problemas rapidamente, usando os recursos disponíveis para manter as operações funcionando. No entanto, é fundamental distinguir o "meio de fortuna" da "gambiarra". Enquanto o meio de fortuna é um improviso pensado, seguro e testado para proteger pessoas e patrimônio, a gambiarra é um remendo malfeito, realizado sem o devido cuidado, que pode criar riscos maiores e agravar problemas.
O Papel Estratégico do Chefe de Segurança no Campo
Nesse contexto, o chefe de segurança assume um papel estratégico. É ele quem deve ter a expertise para avaliar cada improviso, identificando quando se trata de um meio de fortuna válido e quando é uma gambiarra que coloca a operação em risco. Além disso, é responsabilidade desse profissional garantir que esses improvisos sejam temporários, acompanhando a manutenção e o treinamento da equipe para corrigir os problemas estruturais subjacentes.
Quando o uso do meio de fortuna se torna frequente em determinados pontos da fazenda, isso acende um sinal de alerta. Tal recorrência indica falhas na manutenção, na operação ou no preparo do time. Por isso, o chefe de segurança deve monitorar essas situações, registrando-as em relatórios claros que apontem causas, locais e impactos. Com base nesses dados, devem ser promovidas ações corretivas, como o reforço na manutenção preventiva, treinamento focado e ajustes nos procedimentos operacionais.
Os Nove Muros da Segurança no Agronegócio: Uma Metodologia Robusta
A metodologia dos Nove Muros, desenvolvida pelo professor Gilmo França, oferece uma estrutura robusta e integrada para a gestão da segurança no campo, que dialoga diretamente com a prática do meio de fortuna. Esses muros são:
Pessoal e Treinamento: É a base que garante que todos, desde o tratorista, pivoseiro, gerente, operadores dos secadores, equipes terceirizadas e até o proprietário, estejam capacitados para suas funções e preparados para identificar e agir frente aos riscos.
Documentação: Refere-se ao controle rigoroso de informações sigilosas, como notas fiscais de defensivos e equipamentos, para evitar vazamentos que possam facilitar ações criminosas.
Infraestrutura: Inclui cercas, muros, porteiras, grupos geradores, câmeras; toda a proteção física que deve estar bem mantida para evitar pontos vulneráveis.
Informática e Telemática: Garante a proteção da tecnologia que move a fazenda, incluindo GPS, comunicação via rádio e roteadores, essenciais para o monitoramento e operação.
Operações: Abrange as particularidades de cada fazenda, como rotinas de recebimento de insumos, manejo financeiro e armazenamento, que devem ser consideradas para a criação de procedimentos específicos e seguros.
Meio Ambiente: Foca na preservação do solo, rios e matas ciliares, e no descarte correto de resíduos, prevenindo danos ambientais e problemas legais.
Prevenção de Acidentes: Garante o uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e protocolos de segurança para proteger os trabalhadores.
Compliance: Assegura que todas as práticas estejam dentro da legalidade, evitando fraudes, pequenos desvios de conduta ou irregularidades que possam comprometer a fazenda.
Terrorismo Rural: Aborda a proteção contra invasões criminosas, incêndios e destruição deliberada do patrimônio. É importante notar a diferença gritante entre movimentos sociais legítimos por maior participação das famílias rurais na distribuição de terras e a ação de criminosos que promovem fogo, mortes, saques e destruição.
A integração desses nove muros com a prática do meio de fortuna dá ao chefe de segurança um referencial completo para agir com inteligência e responsabilidade. Por exemplo, se um cabo de energia do pivô rompe frequentemente, o uso temporário de um meio de fortuna seguro é válido, mas o chefe deve investigar as causas — seja a exposição a maquinário, desgaste ou instalação inadequada — e planejar a correção definitiva. Da mesma forma, o vazamento de documentos sigilosos, como notas fiscais, revela falhas no segundo muro, que precisam ser endereçadas com controles mais rígidos.
Meio de Fortuna: Ferramenta Útil, Não Solução Permanente
Em síntese, o meio de fortuna, embora seja uma ferramenta útil e necessária, jamais deve ser valorizado como solução permanente. O valor real está na manutenção preventiva, no treinamento contínuo da equipe e no cuidado estruturado, que evitam riscos e prejuízos maiores.
Assim, a expertise ensinada ao chefe de segurança permite identificar com clareza a diferença entre gambiarra e meio de fortuna, possibilitando decisões que protejam o patrimônio, a segurança dos trabalhadores e a continuidade saudável das operações no campo.
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