Tarifas, Máquinas e Segredos: O Que Está em Jogo na Segurança do Agro Brasileiro?
- Gilmo França
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
O agronegócio brasileiro enfrenta diversos desafios, e as tarifas impostas recentemente pelos Estados Unidos representam mais um fator de pressão ou, ao menos, um catalisador que agrava problemas já existentes nas fazendas.
Atualmente, os Estados Unidos são importantes fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos para o agronegócio brasileiro, especialmente no que diz respeito a produtos de base tecnológica, como peças, sistemas eletrônicos, tratores e colheitadeiras. De acordo com o Ministério da Agricultura, máquinas e implementos agrícolas representam uma parcela significativa das importações do setor, sendo que os EUA estão entre os principais exportadores desses itens ao Brasil.

Com o aumento de tarifas, a chegada desses materiais ao Brasil se torna mais cara, o que impacta diretamente os custos de produção e manutenção nas fazendas. Por outro lado, os produtos agrícolas brasileiros exportados aos EUA, como soja, milho, café e carne, também enfrentam barreiras e aumento de custos logísticos, podendo reduzir a competitividade do agro brasileiro naquele mercado.
Para o setor de segurança rural, é importante notar que, neste primeiro momento, os armazéns podem permanecer cheios por mais tempo, aguardando o desfecho das negociações tarifárias ou o redirecionamento das exportações para novos mercados. Essa estocagem prolongada eleva os riscos de furtos, roubos, contaminações intencionais ou acidentais, além de incêndios, acidentes e violações de normas sanitárias e de armazenamento com multas ambientais e trabalhistas.
Outro ponto de atenção é a tendência de redução de mão de obra como resposta ao aumento de custos operacionais, o que, somado à alteração de rotinas nas propriedades, impacta diretamente a eficácia das estratégias de segurança. Menos trabalhadores significam menor vigilância, menor monitoramento em áreas sensíveis e maior exposição a incidentes.
Além disso, com os equipamentos importados se tornando mais caros e escassos, é esperado um aumento no mercado de locação de máquinas agrícolas, gerando maior rotatividade desses bens dentro das propriedades rurais. Essa rotatividade altera a rotina de controle patrimonial, exigindo que a segurança se adapte continuamente à entrada e saída de equipamentos de alto valor, que naturalmente atraem a atenção de criminosos.
Em resumo, o cenário de tarifas adicionais entre Brasil e EUA afeta a segurança no agronegócio de forma significativa ao:
1. Aumentar o tempo de estocagem de produtos, elevando riscos de furtos, roubos e acidentes;
2. Reduzir a mão de obra nas fazendas, diminuindo vigilância e controles de rotina;
3. Elevar os custos e a escassez de equipamentos importados, aumentando o risco de roubos e furtos;
4. Aumentar a rotatividade de máquinas por meio de aluguel, exigindo reavaliações diárias do planejamento de segurança.
Em cenários de incerteza, a segurança patrimonial no campo deve se ajustar rapidamente, adaptando protocolos e treinando responsáveis para identificar e mitigar riscos antes que se convertam em prejuízos. A análise de risco deve ser revista continuamente, já que novas ameaças surgem à medida que a rotina das fazendas se transforma para enfrentar os impactos das tarifas e dos custos elevados. Seu eu fosse dar um conselho para o setor seria: foco em profissionais, procedimentos e observância fiel às 09 camadas da segurança do professor Gilmo. Neste passo, pergunto:
Se as tarifas entre EUA e Brasil estão transformando tratores, peças e insumos em alvos mais valiosos do que nunca, sua fazenda está preparada para proteger esses ativos em um cenário em que cada dia de armazenagem e cada máquina parada podem custar mais do que o próprio insumo?
E sobretudo, você que atua como chefe de segurança nas fazendas, vem se preparando para essa virada de chave?
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